quarta-feira, 24 de junho de 2020

Tinariwen, trocar a arma pela guitarra

Os Tinariwen são uma espécie de Rolling Stones do Norte de África, tanto na longevidade como na honestidade da música que fazem. São os pais dos blues do deserto e das suas guitarras eléctricas hipnotizantes. A sua História é, no antento, muito mais sofrida.

Formaram-se no longínquo ano de 1979 na Argélia, mais concretamente em Tamanrasset, porque era aí que estava um Campo de Refugiados onde vivia  Ibrahim Ag Alhabib, cuja vida pessoal se confunde com a própria banda.


A sua vida foi profundamente marcada pela morte do seu pai, quando tinha apenas quatros de idade, assassinado à sua frente durante a Revolução Tuaregue dos anos 1962 a 1964, um movimento que cresceu no Mali pouco depois de ter conseguido a sua independência da França e visava essencialmente a recuperação das terras para a população tuareg que tinha ficado de fora da Reforma Agrária do primeiro governo do Mali.

Se o primeiro instrumento musical de Ibrahim foi uma guitarra feita com uma lata, um pedaço de madeira e um cabo de travão de bicicleta, a segunda foi uma guitarra a sério que um desconhecido lhe oferecer no campo de refugiados de Tamanrasset e a terceira foi uma arma, já que todos eles acabaram por fazer parte dos Exércitos formados por Kadafi nos anos 80 para defender os interesses territoriais da Líbia naquela zona do continente africano.

O treino militar que aí tiveram ainda serviu para fazerem parte de uma nova guerrilha no Mali em 1989 e 1990, algo que terminou um ano depois com um acordo de paz alcançado em 1991



Os Tinariwen começaram por divulgar a sua música em cassetes analógicas que eram distribuídas um pouco por todo o norte de África, gratuitamente e apenas com a intenção de dar a conhecer os anseios e problemas do povo tuareg, mas a sua internacionalização deu-se apenas em 1998 com a participação de alguns festivais de música africanos e europeus.

Eu conheci-os apenas em 2004 e nunca mais deixei de os ouvir.

discografia até ao momento:

2001 - The Radio Tisdas Sessions
2004 - Amassakoul
2007 - Aman Iman: Water is Life
2009 - Imidiwan: Companions
2011 - Tassili 32014 - Emmaar
2017 - Elwan
2019 - Amajdar



quinta-feira, 18 de junho de 2020

She’Koyokh, música bem feita!

She’Koyokh, que em iídiche quer dizer "bem feito", é um projecto de música klezmer de Londres, mas a capital inglesa é apenas, digamos, assim, a sua sede. Com músicos do Reino Unido, Turquia, Sérvia e Suécia, é também um dos grupos mais universais de um tipo de música que já por si, nem no seu código genético a diáspora medieval dos judeus do centro e do leste europeu.


Nasceu em 2001 como uma banda de rua e rapidamente se afirmou graças ao apoio do Millennium Award do Jewish Music Institute, o que permitiu a sua presença ao vivo no Concertgebouw de Amsterdão, no Festival de Cultura Judaica de Munique e em vários programas de  televisão incluindo a BBC.

Em 2008, os She’Koyokh venceram Festival Internacional de Música Judaica da Holanda e sofreram uma irreparável perda do seu acordeonista Jim Marcovitch. Tempos atribulados e de reorganização que trouxeram a vocalista curdo-turca Çiğdem Aslan para o grupo, o que alargou a sua área de influência aos Balcãs, especialmente ao folclore mediterrânico e turco.

Em 2010, lançaram seu segundo álbum, Buskers Ballroom, e em março de 2014 saiu o terceiro álbum, Wild Goats & Unmarried Women, todos os álbuns sendo aclamados por unanimidade pela crítica e pelo público.


No site oficial podemos ler que "absorvendo e realizando as ricas tradições da música folclórica da Europa Oriental judaica, da Turquia e dos Balcãs, os concertos dos She'Koyokh reúnem as impressionantes melodias e ritmos intrincados da Bulgária, músicas preciosas de vilas sérvias e danças ciganas da Roménia. como canções sefarditas com alma e música klezmer da Europa Oriental judaica".

discografia até ao momento:

Sandanski’s Chicken (2007)
Buskers’ Ballroom (2010)
Wild Goats & Unmarried Women (2014)
First Dance on Second Avenue (2017)