sexta-feira, 15 de maio de 2020

Ros Sothea, da terra sangrenta

A maioria dos músicos do Camboja dos anos 60, 70 e 80 do século XX desapareceu entre os dois milhões massacrados por Pol Pot. Ros Serey Sothea foi apenas mais uma entre eles, mas ainda ainda a sua memória não é apenas mais uma entre muitos.


Ros Sothea nasceu em 1948 em Battambang, Cambodja, a segunda mais nova de cinco filhos numa família pobre. Durante a sua infância e adolescência apenas demonstrou o seu talento como cantora aos seus amigos e foram esses amigos que a convenceram a participar num concurso regional de canto em 1963, que veio a vencer e que foi a sua rampa de lançamento para uma brilhante carreira. Primeiro cantou em alguns restaurantes e bandas menores, mas acredita-se que Im Song Seurm, uma cantora ao serviço da Rádio Nacional, a tenha convidado para viajar para Phnom Penh, a capital, em 1967.

Foi na capital, cantando na Rádio nacional, que se tornou uma estrela nacional no Cambodja, tanto em duetos com os músicos mais famosos da sua geração e também  mantendo uma carreira a solo. As gravações que nos deixou mostram uma mistura entre o que parece a canção nacional Cambodjana e alguma influência americana a partir de certa altura, provavelmente pela presença de tropas do Tio Sam no Vietname.


Sabe-se que Ros Serey Sothea desapareceu durante o genocídio do Khmer Vermelho, mas o seu destino exato nunca foi confirmado. A sua influência americana terá sido, no entanto, a causa do seu fim e o principal motivo da perseguição do regime comunista.

A versão mais comum é que ela trabalhou até a morte num campo de trabalhos forçados, embora uma das suas duas irmãs sobreviventes ao regime, entrevistada por John Pirozzi em Battambang, tenha afirmado que ela foi vista num hospital de Phnom Penh, desnutrida, e que terá morrido ali semanas antes da queda de Pol Pot.


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