quinta-feira, 16 de julho de 2020

Programa Azul 2


Podcast Programa Azul, edição 2 de 17 de Abril de 2020

Convidados

Tinariwen, Etran Finatawa, Maria de Barros, Cesária Évora (com Bonga), Mayra Andrade, Lura, Kaissa, Hope Masike, Marta topferova, Sanaa Mousaa, Le Trio Joubran, Khalas, Awan Group, Shadi Zaqtan, Toot Ard, Ramzi Aburedwan, Leyla McCalla, Lila Downs, Wax Poetic (com Nil Karaibrahimgil), Susana Baca, Jorge Aragão, Casuarina, Ana Bacalhau, Amália Rodrigues, Donovan, Butthole Surfers, Nikolai Oorzhak

domingo, 12 de julho de 2020

Ayo, do mundo para o mundo

Comprei o primeiro disco da Ayo um bocado por acaso. Estava em promoção numa loja de música, peguei no telemóvel para ler um pouco sobre a cantora, que desconhecia, e acabei por o levar para casa sem conhecer muito bem. Foi a melhor coisa que fiz. Estávamos em 2006 e era o seu primeiro trabalho, Joyful, do mesmo ano. Desde a primeira audição até aos dias de hoje que ouço frequentemente esse o restantes discos da cantora.


 A Ayo nasceu na Alemanha, filha de mãe cigana e pai nigeriano, e começa por aí a sua característica principal. É uma mulher que canta sobre o mundo para o mundo. mais ainda porque após o divórcio dos seus progenitores passou 4 anos em casas de acolhimento para crianças onde, aliás, terá começado a aprender música, já que com apenas seis anos de idade, durante sua estadia na casa das crianças em Waldniel, gravou o CD Kido Musik com outras crianças e entrou no seu primeiro concerto Ao Vivo.

A vida dá muitas voltas e a de Ayo deu ainda mais uma. Gravou Joyful logo em janeiro de 2006 em apenas cinco dias sem grande produção e como se estivesse a tocar Ao Vivo. O resultado é fenomenal e foi lançado em Junho de 2006 na Europa. Actualmente já conta com seis álbuns.

As suas músicas, que andam por sons pop, afrobeat, funk e reggae, são tão importantes na forma como no conteúdo. Permitem dançar com a tristeza e com a monotonia, mas também com a Esperança. Talvez seja esse o maior segredo do seu sucesso.

Em Beautiful, por exemplo, fala do que pode ser a autoestima duma mulher que ainda precisa de perceber quem é. You're looking in the mirror but you can't see yourself, what you see is a reflection of somebody else.

Muitas das músicas do seu álbum de estréia, foram escritas como uma forma de terapia. A criação de sua música foi a maneira pela qual ela tentou entender o que lhe aconteceu durante sua infância.

Em 'Life is Real', ela admite ser um livro aberto e sabe-se  que em conversa aberta revela sempre uma honestidade e uma inocência notáveis.
Some people say that I'm to open, they say it's not good to let them no everything


Já disse em entrevistas, por exemplo, que quando criança viu coisas que as crianças nunca deviam ver. "A minha mãe era uma boa mãe quando eu era muito pequena e realmente amava-me, mas depois tornou-se viciada em heroína e drogas e transformou-se numa pessoa diferente"

discografia até ao momento:

Joyful (2006)
Gravity At Last (2008)
Billie-Eve (2011)
Ticket To The World (2013)
Ayọ (2017)
Royal (2020)

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Mashrou' Leila, um projecto de uma noite

O Líbano, país que tem fronteiras terrestres apenas com Israel e a Síria, mantêm-se apesar de tudo como uma espécie de oásis religioso na zona, sendo a sua população continuída por cerca de 50% de muçulmanos e 40% de cristãos, sendo os restantes 10% divididos essencialmente por judeus, hindus e budistas.


Apesar de alguma relativa diversidade religiosa, é neste contexto que os Mashrou' Leila surgem em 2009 como uma banda de fusão entre música libanesa e rock disposta a criar celeuma ao lado mais conservador da sociedade, não apenas pelo seu vocalista, Hamed Sinno, assumir uma orientação sexual inaceitável para as lides religiosas como por satirizar uma cidade que aparenta ser o que não é.
Há um peço a pagar por essa atitude e ainda o ano passado, em 2019, viram a sua participação no The Byblos festival ser cancelada para evitar um eventual banho de sangue, que se adivinhava após várias ameaças de morte aos membros da banda.
Claro que nada disso interessa quando falamos de música e os Mashrou' Leilas são isso mesmo, um grupo de músicos talentosos e competentes desde que se formaram, após se conhecerem em 2008 num workshop de música na Universidade Americana de Beirute.
O nome Mashrou 'Leila pode ser interpretado como "Programa para uma noite" ou "O Projecto de Leila", sendo que Leila é um nome muito comum no Líbano.e numa entrevista sobre a origem do nome, os membros da banda que a banda começou como uma angariação de dinheiro para uma prostituta conhecida chamada Leila. Apenas mais uma provocação.


Além do vocalista e escritor Sinno, a banda inclui ainda Firas Abou Fakher (guitarra e teclado), Carl Gerges (bateria) e Haig Papazian (violino). Ao vivo são acompanhados no palco pelo baixista Ibrahim Badr. O som é uma mistura explosiva de swing jazz, rock indie e pop barroco e a voz hipnótica e poderosa de Sinno é a grande marca da sua música.
Até ao momento 

discografia até ao momento:


Mashrou' Leila (2009)
El Hal Romancy (2011)
Raasük (2013) Ibn El Leil (2015)
Ibn El Leil, De Luxe Edition (2017)
The Beirut School (2019)

site oficial
facebook 

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Programa Azul 1



Podcast Programa Azul, edição 1 de 10 de Abril de 2020

Convidados
Rokia Traoré, Amadou e Mariam, Ayo, Rasha, Hisham Abbas, Sophia Charai, Amira Saqati, Grup Yorum, Yasmine Hamdan, Nēnēs (ネーネーズ), Asadoya Yunta, Emme, Soha, Cila do Coco, Martinho da Vila, MartNália e Paulinho Moska, Márcio Faraco, Orchestra Baobab, Gnonna Pedro, Kottarashky and The Rain Dogs, Beirut, The Freak Fandang Orchestra, Gogol Bordello, Jose Gonzalez e Yorgos Papadopoulos, Bob Marley and the Wailers, Toots and The Maytals, Israel vibration


quarta-feira, 1 de julho de 2020

Souad Massi, sons em fuga

Souad Massi, nascida em 23 de agosto de 1972, é essencialmente uma guitarrista argelina de etnia berbere. Começou a sua carreira nos Atakor (um vulcão na Argélia), uma banda de rock politizada, o que a levou a ser alvo de várias ameaças de morte pela Argélia mais fundamentalista e a fugir para Paris.



Em 1999, depois de tocar no festival Femmes d'Algerie precisamente em Paris, assinou um contrato de gravação com a Island Records que lhe permitiu lançar o seu primeiro disco em 2001 (primeiramente para a britânica Wrasse Records), Raoui. Desde esse disco, e já lá vão seis de estúdio mais um ao vivo, que a sua música é predominantemente uma fusão entre vários estilos ocidentais (como rock, blues ou até o nosso fado) e a as suas origens naturais árabe e africana, o que a leva a incluir também o oud no seu trabalho.

Consequentemente canta em várias línguas, às vezes saltando de idioma no mesmo tema. A saber:
árabe clássico, árabe argelino, francês, inglês e kabyle (idioma berbere).


A sua ligação à música mais política deve-se ao facto de ter nascido numa família pobre com mais cinco irmãos, crescendo no bairro Bab El Oued (um bairro de trabalhadores), em Argel, onde começou a tocar e cantar por pressão de um dos seus irmãos.

Se é verdade que estamos a falar da música duma fugitiva, é mais verdade que Souad se tornou menos politizada e mais intimista e pessoal depois da sua fuga, abrangendo essencialmente reflexões sobre amor e perda, através de sons tão dolorosos quanto belos. A sua voz única não é um pormenor na sua capacidade para harmonizar o que por princípio seria uma mistura exagerada de estilos musicais e o resultado é uma carreira ainda em expansão pelo mundo.

discografia até ao momento:

2001: Raoui

2003: Deb
2005: Mesk Elil
2007: Live acoustique
2010: Ô Houria
2015: El Mutakallimun
2019: Oumniya



quarta-feira, 24 de junho de 2020

Tinariwen, trocar a arma pela guitarra

Os Tinariwen são uma espécie de Rolling Stones do Norte de África, tanto na longevidade como na honestidade da música que fazem. São os pais dos blues do deserto e das suas guitarras eléctricas hipnotizantes. A sua História é, no antento, muito mais sofrida.

Formaram-se no longínquo ano de 1979 na Argélia, mais concretamente em Tamanrasset, porque era aí que estava um Campo de Refugiados onde vivia  Ibrahim Ag Alhabib, cuja vida pessoal se confunde com a própria banda.


A sua vida foi profundamente marcada pela morte do seu pai, quando tinha apenas quatros de idade, assassinado à sua frente durante a Revolução Tuaregue dos anos 1962 a 1964, um movimento que cresceu no Mali pouco depois de ter conseguido a sua independência da França e visava essencialmente a recuperação das terras para a população tuareg que tinha ficado de fora da Reforma Agrária do primeiro governo do Mali.

Se o primeiro instrumento musical de Ibrahim foi uma guitarra feita com uma lata, um pedaço de madeira e um cabo de travão de bicicleta, a segunda foi uma guitarra a sério que um desconhecido lhe oferecer no campo de refugiados de Tamanrasset e a terceira foi uma arma, já que todos eles acabaram por fazer parte dos Exércitos formados por Kadafi nos anos 80 para defender os interesses territoriais da Líbia naquela zona do continente africano.

O treino militar que aí tiveram ainda serviu para fazerem parte de uma nova guerrilha no Mali em 1989 e 1990, algo que terminou um ano depois com um acordo de paz alcançado em 1991



Os Tinariwen começaram por divulgar a sua música em cassetes analógicas que eram distribuídas um pouco por todo o norte de África, gratuitamente e apenas com a intenção de dar a conhecer os anseios e problemas do povo tuareg, mas a sua internacionalização deu-se apenas em 1998 com a participação de alguns festivais de música africanos e europeus.

Eu conheci-os apenas em 2004 e nunca mais deixei de os ouvir.

discografia até ao momento:

2001 - The Radio Tisdas Sessions
2004 - Amassakoul
2007 - Aman Iman: Water is Life
2009 - Imidiwan: Companions
2011 - Tassili 32014 - Emmaar
2017 - Elwan
2019 - Amajdar



quinta-feira, 18 de junho de 2020

She’Koyokh, música bem feita!

She’Koyokh, que em iídiche quer dizer "bem feito", é um projecto de música klezmer de Londres, mas a capital inglesa é apenas, digamos, assim, a sua sede. Com músicos do Reino Unido, Turquia, Sérvia e Suécia, é também um dos grupos mais universais de um tipo de música que já por si, nem no seu código genético a diáspora medieval dos judeus do centro e do leste europeu.


Nasceu em 2001 como uma banda de rua e rapidamente se afirmou graças ao apoio do Millennium Award do Jewish Music Institute, o que permitiu a sua presença ao vivo no Concertgebouw de Amsterdão, no Festival de Cultura Judaica de Munique e em vários programas de  televisão incluindo a BBC.

Em 2008, os She’Koyokh venceram Festival Internacional de Música Judaica da Holanda e sofreram uma irreparável perda do seu acordeonista Jim Marcovitch. Tempos atribulados e de reorganização que trouxeram a vocalista curdo-turca Çiğdem Aslan para o grupo, o que alargou a sua área de influência aos Balcãs, especialmente ao folclore mediterrânico e turco.

Em 2010, lançaram seu segundo álbum, Buskers Ballroom, e em março de 2014 saiu o terceiro álbum, Wild Goats & Unmarried Women, todos os álbuns sendo aclamados por unanimidade pela crítica e pelo público.


No site oficial podemos ler que "absorvendo e realizando as ricas tradições da música folclórica da Europa Oriental judaica, da Turquia e dos Balcãs, os concertos dos She'Koyokh reúnem as impressionantes melodias e ritmos intrincados da Bulgária, músicas preciosas de vilas sérvias e danças ciganas da Roménia. como canções sefarditas com alma e música klezmer da Europa Oriental judaica".

discografia até ao momento:

Sandanski’s Chicken (2007)
Buskers’ Ballroom (2010)
Wild Goats & Unmarried Women (2014)
First Dance on Second Avenue (2017)

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Aridel, os blues do deserto

Os Aridel (que significa leão em Tamaxeque ou, se preferirem, tuareg) é uma banda original da Argélia cujo resultado é maior do que a soma das partes. Isto é, as diferentes influências de cada um dos seus quatro membros resulta num produto final sóbrio e equilibrado mas que é ao mesmo tempo uma novidade na música do deserto do Saara.



Talvez por isso o seu primeiro álbum," Rahet Bali" lançado em 2011 e no qual constam dez canções, tenha esgotado apesar da sua promoção mediática ter sido praticaente zero. Lemouima, por exemplo, onde os blues do Saara servem de almofada perfeita a duas vozes masculinas de grande contraste, tornou-se talvez o tema que eu ouvi mais vezes seguidas na minha vida. Pela emoção.

Hichem Djama, guitarrista solista do projecto, define Rahet Bali como a linha filosófica que o grupo quer para o futuro: autenticidade, modernidade e sobriedade. O som navega entre os blues tuaregues, os ritmos tradicionais e o indie pop ocidental. Tal vem das diferentes tendências de cada membro.

Se é verdade que Aridel ainda não conseguiu impôr o seu trabalho no mercado como o conseguiram outras bandas da região, como os Tinariwen ou os Etran Finatawa, é mais verdade ainda que o grupo tem vivido apenas por si. Praticamente  não passa nos media e mesmo a sua presença na internet é promovida apenas pelos próprios.

Fayçal Softa toca violão tuaregue,  Lamine Bachtoudji (segunda voz) escreve a maioria dos textos e também empresta sons "oud" com vários instrumentos africanos, Hamza Deramchi é responsável pelo baixo e pela sonoridade jazz do projeto.


Entre o primeiro e o segundo álbum há sete anos de diferença. Ficamos ansiosamente à espera do próximo

discografia até ao momento: 

Rahet Bali (2011)
Salami (2018)

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sexta-feira, 15 de maio de 2020

Ros Sothea, da terra sangrenta

A maioria dos músicos do Camboja dos anos 60, 70 e 80 do século XX desapareceu entre os dois milhões massacrados por Pol Pot. Ros Serey Sothea foi apenas mais uma entre eles, mas ainda ainda a sua memória não é apenas mais uma entre muitos.


Ros Sothea nasceu em 1948 em Battambang, Cambodja, a segunda mais nova de cinco filhos numa família pobre. Durante a sua infância e adolescência apenas demonstrou o seu talento como cantora aos seus amigos e foram esses amigos que a convenceram a participar num concurso regional de canto em 1963, que veio a vencer e que foi a sua rampa de lançamento para uma brilhante carreira. Primeiro cantou em alguns restaurantes e bandas menores, mas acredita-se que Im Song Seurm, uma cantora ao serviço da Rádio Nacional, a tenha convidado para viajar para Phnom Penh, a capital, em 1967.

Foi na capital, cantando na Rádio nacional, que se tornou uma estrela nacional no Cambodja, tanto em duetos com os músicos mais famosos da sua geração e também  mantendo uma carreira a solo. As gravações que nos deixou mostram uma mistura entre o que parece a canção nacional Cambodjana e alguma influência americana a partir de certa altura, provavelmente pela presença de tropas do Tio Sam no Vietname.


Sabe-se que Ros Serey Sothea desapareceu durante o genocídio do Khmer Vermelho, mas o seu destino exato nunca foi confirmado. A sua influência americana terá sido, no entanto, a causa do seu fim e o principal motivo da perseguição do regime comunista.

A versão mais comum é que ela trabalhou até a morte num campo de trabalhos forçados, embora uma das suas duas irmãs sobreviventes ao regime, entrevistada por John Pirozzi em Battambang, tenha afirmado que ela foi vista num hospital de Phnom Penh, desnutrida, e que terá morrido ali semanas antes da queda de Pol Pot.


quinta-feira, 7 de maio de 2020

Romica Puceanu, o Amor perdido duma cigana

Romica Puceanu, que se lê Romika Puchanu foi uma cantora cigana romena e intérprete de música urbana cigana da Romênia. Nasceu em 1926 e partiu do terceiro planeta a contar do Sol em 1996, devido a um acidente de viação. A sua voz permitiu-lhe começar a cantar profissionalmente aos 14 anos de idade, o que fez durante todo o resto da sua vida.


Ganhou bastante notoriedade como cantora e foi sempre muito admirada por aqueles que a conheciam enquanto artista, mas ainda assim nunca foi reconhecida pelo próprio país. A política estatal romena em vigor durante a maior parte dos anos em que Romica esteve ativa, dificultou a exportação da música romena, especialmente dos ciganos, para o exterior. 
Ainda assim, nas décadas de 1960 e 1970, graças à sua voz requintada e de grande profundidade, foi a mais famosa cantora Lăutari, uma forma de música cigana romena em fusão com alguma música turca.

A sua vida ficou marcada ainda por uma relação amorosa infeliz, num casamento com o acordeonista Bebe Şerban, o que a levou a ter alguns problemas com a bebida, o que por sua vez acabou por afetar  sua voz nos últimos anos da sua carreira.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Dubioza Kolektiv, o rock anti extrema-direita

Os Dubioza Kolektiv, apenas Dubioza para os amigos, tocam música rock alternando influências hip hop, dub, ska, reggae, rock e algum punk, mas sempre com um som marcadamente balcânico. Oriundos da Bósnia e Herzegovina são um projeto assumidamente político e nesse sentido tentam ser o mais universais possível, cantando assim em diversas línguas.


Formaram-se no ano de 2003 a partir de duas bandas então existentes, os Ornament e os Gluho Doba, mas o princípio da sua vida não foi fácil. Perderam a sua primeira vocalista, Adisa Zvekić, para um projeto a solo.
O estilo musical eclético do grupo foi assim produto das diferentes influências e origens musicais dos restantes membros, que começaram por ser quatro mas atualmente são sete. A saber:  Almir Hasanbegović, Adis Zvekić, Brano Jakubović, Vedran Mujagić, Mario Ševarac, Senad Šuta e Jernej Šavel. O ponto mais forte em comum é combaterem os movimentos de extrema direita nos Balcãs.
De realçar que todos os álbuns dos Dubioza são disponibilizados pela banda gratuitamente na internet, bastanto para tal aceder ao site oficial. o link está a seguir.


discografia até ao momento: 

Dubioza kolektiv (2004)
Dubnamite (2006)
Unpopular singles (Compilation CD) (2007)
Firma Ilegal (2008)
5 do 12 (2010)
Wild Wild East (2011)
Apsurdistan (2013)
Happy Machine (2015)
Pjesmice za djecu i odrasle (2017)
Live Pol’and’Rock 2018 (CD / DVD) (2019)
#fakenews (2020)

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sábado, 2 de maio de 2020

Sana Moussa - Da Resistência na Palestina


As músicas de Sana Moussa, palestiniana, são uma homenagem permanente às mulheres do seu "país", assim propositadamente colocado entre aspas, e uma celebração da música tradicional que sobrevive à ocupação dos seus territórios por Israel desde o pós Segunda Guerra Mundial.
Nasceu no seio duma família ligada à música na zona da Galileia, e cedo desenvolveu uma paixão pelo som tradicional palestiniano.


O primeiro álbum de Moussa, Ishraq Reminiscence, foi lançado em 2010 e permitiu-lhe viajar em digressão pela Palestina, Jordânia e Cairo antes de se mudar para Londres, onde estuda atualmente  Microbiologia.
Já em 2016 lançou um segundo disco, Hajess, em que Sanaa Moussa perpetua a sua homenagem às mulheres palestinas e e ao seu folclore. As músicas abrangem ritmos para adormecer cantadas pelas mulheres de sua terra, a alegria, a separação, o amor, a guerra, o casamento e o nascimento.


discografia até ao momento:
2010 Ishraq Reminiscence
2016 Hajess

contribuições
2014 The Rough Guide to the Music of Palestine

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sexta-feira, 1 de maio de 2020

Emel Mathlouthi - As Músicas da Revolução

Conheci a Emel Mathlouthi um pouco por sorte. Estava a ler sobre a o movimento político da Primavera Árabe, que na Tunísia se chamou  Revolução de Jasmim, para ver se percebia um pouco melhor o que se passava por ali e acabei por ir parar a um pequeno texto sobre ela. Já não me lembro em que site isso aconteceu, mas lembro-me que não li mais nessa noite. Até adormecer fiquei a ouvir a voz dela com a sensação que me tinha apaixonado há pouco tempo.
canção chamava-se  "Kelmti Horra" ("A minha Palavra é Livre") e era da Emel Mathlouthi e veio a tornar-se o hino dessa revolução. Reconheci-a depois, já no ano de 2015, a cantar a mesma canção na Cerimónia dos Prémio Nobel.

 
Se é verdade que a Revolução cresceu a partir das más condições de vida das populações do norte de África até ao Médio oriente, é ainda mais verdade que aquela música me conseguia causar emoções mesmo sem que eu pudesse entender a letra. Essas emoções abrangiam um estado de Violência e de Paz simultaneamente. de certa forma, era a resposta que eu considerava perfeita para um período tão conturbado.
A Emel nasceu na Tunísia, mais concretamente em Tunes, a 11 de Janeiro de 1982. Começou a sua carreira com uma guitarra e tão cedo como começou a cantar tão cedo começou a ser censurada no seu próprio país. O seu primeiro álbum, que saiu em 2012, só foi possível graças aos eventos da revolução que permitiram que a sua música transpusesse a fronteira tunisina.
A guitarra elétrica minimalista é o principal instrumento, quase o único, que entra no seu trabalho, já que a sua voz sedutora e envolvente é capaz de viver praticamente só. Há algum experimentalismo na sua música e é permanente a sensação de que estamos a num campo de batalha a aproveitar os últimos momentos de paz.


discografia até ao momento: 2012 Kelmti Horra
2017 Ensen
2018 Ensenity (Reworks Album)
2019 Everywhere We Looked Was Burning

contribuições
2013 The Rough Guide To Arabic Revolution (World Music Network)
2016 "Now Indie Arabia" (Universal Music Group)
2017 "Philia: Artists Rise Against Islamophobia" (Floating House Recordings)

site oficial
youtube oficial